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Emigrazione Veneta in Brasile: História, Discurso e Memória da Tradição Italiana no Sul de Minas: Busca pelas Origens de um Passado Remoto.

Publicado em 27 de Junho de 2019 dias na Tradução e conteúdos

Sobre este projeto

Aberto

Como é de amplo conhecimento, a partir da década de 1870, as correntes de
imigração constituíram importante fator na formação da sociedade brasileira,
destacando-se entre elas a de imigração italiana.
Até muito recentemente, os estudos sobre imigração italiana concentravamse no Estado e na cidade de São Paulo. A realização do “Seminário de Imigração
Italiana em Minas Gerais”, que já está em sua quinta edição, tem sido oportunidade para
revelar a magnitude e a importância de tal movimento e oferecido significativa
contribuição para o seu conhecimento.

Em Minas Gerais, a primeira grande corrente ocorreu entre 1884 e 1901,
quando entraram 52.582 imigrantes1
. Grande parte desses imigrantes se dirigiu para Juiz
de Fora. A imigração para essa cidade pode ser dividida em dois momentos.

No primeiro, quando se deu a construção da Rodovia União e Indústria,
ligando Juiz de Fora a Petrópolis, no Rio de Janeiro, em meados da década de 1850,
veio o imigrante alemão. A rodovia foi aberta em 1860. O desenvolvimento e a
consolidação do sistema viário fizeram com que Juiz de Fora se transformasse no
principal centro armazenador de café da Zona da Mata.
A cidade se tornou, então,
centro comercial de vulto.
Em 1887, cafeicultores e industriais organizaram a Sociedade Promotora da
Imigração em Minas Gerais, tendo como objetivos a introdução e o estabelecimento de
imigrantes na província. Juiz de Fora foi a cidade escolhida para centro do serviço de
imigração.

No segundo momento, entre o final do século xix e início do século xx,
vieram os italianos. Sua contribuição, e a dos imigrantes em geral, para o
desenvolvimento industrial e comercial da cidade de Juiz de Fora foi, principalmente,
no fornecimento de mão de obra qualificada, dando origem às primeiras manufaturas, na criação de casas comerciais e oficinas, bem como na criação de um mercado de mão de
obra.
Além de constituírem o primeiro mercado de trabalho especializado, os
imigrantes foram responsáveis pelos primeiros empreendimentos industriais na cidade,
como de resto em muitas outras de Minas e do País.
Domingos Giroletti salientou que a
imigração foi um fator relevante para o processo de industrialização, intensificando o
processo de divisão social do trabalho e diversificando o mercado de mão de obra e o
mercado interno. Disse mais:
A mão de obra imigrante, qualitativamente superior à do escravo, era
dotada de certas habilidades profissionais extremamente funcionais
face às mudanças que se processavam. Além de conhecimentos de
agricultura, os imigrantes dominavam uma gama de técnicas
artesanais e manufatureiras relativamente diversificadas que variavam
desde a transformação de alimentos (banha, salame, farinha, massa de
tomate, conservas, massas, doces, bebidas..
.) Até a fundição de ferro 2
.

Na década de 1880 se tem notícia de empreendimentos industriais tocados
por italianos, a exemplo da “Oficina São Sebastião”, de Perrota & Groia.
Depois de Juiz de Fora, os imigrantes italianos foram atraídos para muitas
outras cidades e regiões do Estado.

Imigrantes estrangeiros na capital mineira
Para se avaliar o peso dos imigrantes na construção de Belo Horizonte e no
começo de seu processo de industrialização não é preciso ir muito longe. A cidade é
marcada pela presença do estrangeiro, que se revela em nomes de ruas, de firmas, de
estabelecimentos comerciais, de instituições de naturezas diversas. Em publicação do
Museu Abílio Barreto, foi observado.

Por motivos variados e com expectativas diferentes, homens e
mulheres de outras nacionalidades para cá vieram e aqui refizeram as
suas vidas. Trabalharam, constituíram suas famílias, seus negócios,
inventaram formas de sociabilidade, fizeram escolhas, promoveram
trocas e acrescentaram, por certo, às suas experiências anteriores,
valores culturais novos que, somados aos que traziam na bagagem, resultaram na constituição de um novo sujeito. [...] Com o
estrangeiro, o da terra aprende diferentes modos de fazer. Construtores
da cidade ensinaram técnicas e aprenderam maneiras. Agricultores
trouxeram novas sementes e descobriram outros frutos; padeiros
misturaram ingredientes e fizeram pães de novo tipo; artistas se
deliciaram com o belo de nosso horizonte e encenaram, desenharam,
esculpiram, pintaram, dançaram e misturaram ritmos de uma maneira
nova; operários aprenderam e ensinaram seus modos de manejar água,
fogo e forja.
Para professores, clérigos, homens de negócios ou
simplesmente para homens e mulheres, independentemente da
profissão que trouxeram, a vida vivida em Belo Horizonte os torna
gente desta nossa terra, como pode fazer dos nativos, gente
estrangeira. Tudo depende da perspectiva com que se olha a questão 3
.
O primeiro e mais expressivo movimento ocorreu justamente na fase de
construção da cidade.
Esse momento coincidiu com um período de intenso fluxo
imigratório da Europa para o Brasil pelo aumento da demanda de mão de obra causado
pelo fim da escravidão e, em menor grau, pelas teorias raciais então em voga, das quais
se deduzia a necessidade de branqueamento da população nacional. Na Europa, por sua
vez, a situação de desemprego e pobreza favorecia a emigração, para muitos uma
questão de sobrevivência, para outros, a promessa de novas oportunidades.
Entre os anos de 1888 e 1898, foi adotada uma política de incentivos e
subsídios para a imigração em Minas Gerais.
No mesmo contexto histórico, o governo
brasileiro criou uma série de facilidades e, por intermédio de uma propaganda maciça na
Itália, difundiu uma imagem do País como uma terra de oportunidades.
Dentre os imigrantes que se fixaram em Belo Horizonte, os italianos
formaram a maior parte. Naquela época, a Itália era um país agrícola bastante limitado,
pois o desenvolvimento industrial ocorrera principalmente no Norte, não alterando a
situação de pobreza de sua agricultura.
A despeito de pequena, a Itália era uma nação de
grandes contrastes. Além dos motivos econômicos, as guerras prolongadas e até mesmo
as razões de cunho religioso atuaram no sentido de motivar a vinda de numerosos
contingentes de italianos em busca de oportunidades.
Os trabalhadores começaram a ser atraídos com propaganda nos jornais
italianos, que anunciavam a concorrência de terras na região de Curral del Rei.
Em
1896, foi divulgado um panfleto com informações sobre imigração para Minas Gerais,
em toda a Itália. O primeiro contrato do governo mineiro foi assinado em 2 de julho de 1892. Pouco mais de dois anos depois, um navio com os primeiros 292 imigrantes
italianos com destino ao Arraial do Curral del Rei chegou ao porto do Rio de Janeiro.

Desses pioneiros, alguns teriam sido direcionados para a Fazenda do Barreiro, onde o
engenheiro Aarão Reis organizava o primeiro núcleo agrícola nas redondezas da futura
capital. Outros três contratos de imigração se seguiram. Antes de se instalarem, os
imigrantes eram alojados por alguns dias nas hospedarias de imigrantes.

O governo italiano, de sua parte, incentivava a imigração naquele momento.
Conforme os registros, 18.999 italianos entraram oficialmente em Minas Gerais no ano
de 1896, em comparação aos 3.002 espanhóis e 448 portugueses4
. Em 1896, foi fundada
a “Società Operaria Italiana di Beneficenza e Mutuo Sccorzo”.

Com a cidade em formação, nas duas primeiras décadas do século
XX, houve campos de trabalho propícios para o estabelecimento dos
recém-chegados. Nas áreas em expansão, como comércio, indústria e
prestação de serviços, oportunidades surgiram para alguns imigrantes
que eram do “ramo”. Podiam atuar ainda como importadores, trazendo
novidades tecnológicas e outros objetos de consumo.
Esses
comerciantes, inclusive, escreviam a parentes (ainda no exterior ou já
no Brasil), mencionando as possibilidades de trabalho na nova capital
5
.
As obras demandavam vários tipos de profissionais e serviços, o que
significa que o contingente estrangeiro era composto pelas mais diversas categorias
profissionais: arquitetos, lavradores, paisagistas, empreiteiros, mestres de obras,
empreendedores, artistas e comerciantes.
Alguns estrangeiros vieram para Belo Horizonte como mão de obra
graduada – caso de arquitetos, engenheiros e paisagistas; outros
atuaram como empreendedores, abrindo estabelecimentos que eram
responsáveis pelo fornecimento de material para a construção da
cidade.
[...] Na mesma leva, mas em maior número, vieram os
operários e agricultores anônimos responsáveis, respectivamente, pela
construção e abastecimento da cidade. Igualmente anônimos, embora
não tão numerosos, eram os ambulantes, mascates, donos de botequins
e pequenas vendas que imigraram para a nova cidade
motivados pelas possibilidades econômicas abertas na nova capital .Os pioneiros
A presença dos imigrantes se fez marcante entre os primeiros e maiores
industriais da cidade, a exemplo do que ocorreu em Juiz de Fora e outras cidades do
País.
Os registros indicam que a preponderância de imigrantes na atividade
industrial era de italianos, seguidos de portugueses e espanhóis 7
.

Ao lado daqueles que vieram diretamente para Belo Horizonte, consta que
muitos dos que chegaram nessa época já haviam se estabelecido em outras cidades
mineiras, como Juiz de Fora e Barbacena; ou em outros estados, e vieram atraídos pelas
oportunidades que a construção de uma cidade oferecia.
Entre os trabalhadores, também foi significativa a presença de imigrantes na
Belo Horizonte em obras. Conforme registrou Abílio Barreto, ao chegar o período de
construções, ficou evidente a escassez de mão de obra para tão grandiosa obra.
O então
engenheiro-chefe Francisco Bicalho, não vendo outra saída senão a imigração, solicitou
à Secretaria da Agricultura a conveniência de se instalar uma hospedaria de imigrantes,
“fazendo a Inspetoria de Terras e Colonização dirigir para ela principalmente
imigrantes solteiros, que queiram dedicar-se a serviços por salários...” Logo foram
tomadas as providências necessárias para o serviço de imigração e iniciada a construção
da hospedaria, à margem da linha férrea do ramal. Conforme os registros da época, de
janeiro de 1896 a 31 de maio de 1897, haviam entrado na hospedaria 1.543 indivíduos,
dos quais 15 adultos haviam falecido. O certo é que, em pouco tempo, já havia excesso
de operários em Belo Horizonte 8
.
Muitos desses operários se tornariam, mais tarde,
industriais.
Durante a construção da cidade e logo após a sua inauguração, diversas
pequenas indústrias começaram a se instalar, em geral voltadas para o consumo popular.
Eram serrarias, marcenarias e carpintarias, fábricas de ladrilhos e marmorarias, fábricas
de carros e carroças, tipografias, colchoarias, curtumes, olarias e ferrarias, além de  artigos para vestuário, sabão, fundição, caldeirarias, funilarias, cervejarias, fábrica de
palhas de cigarro e de cigarros.

A política de incentivos à industrialização implantada com o decreto 1516,
assinado pelo prefeito Bernardo Monteiro em 1902, foi fundamental para a instalação de
diversas indústrias na capital mineira. O decreto previa doações de terrenos, isenção de
impostos e fornecimento gratuito de energia elétrica. As indústrias se fixaram na Praça
da Estação, que foi a primeira região industrial da cidade, atraídas pela facilidade de
transporte de matérias-primas e equipamentos 9
.

Dessa fase da cidade, mencionem-se a indústria de Giovanni Lunardi e seu
filho Estevão, de 1896, que começaram um pequeno comércio de ferragens, vidros e
materiais de construção em geral. Depois, instalaram a “Marmoraria Lunardi”, que
iniciou suas atividades em 1899, e a “Carlo Fornaciari & Filhos”, de 1897, que se
dedicou a fabricação de bebidas gasosas, como cerveja, soda e guaraná 10
.
A presença de imigrantes italianos foi particularmente forte no setor
mecânico.
A seguir, algumas indústrias representativas dessa fase.
“Mechanica de Minas” – Em meio ao clima de otimismo que reinava na
nova Capital, onde tudo ou quase tudo estava por fazer, em 1903 foi fundada a
“Mechanica de Minas”, pelo imigrante italiano Victor Purri. Nascido na cidade de
Filadélfia, Província de Catanzaro, na Calábria, emigrou para Buenos Aires, indo em
seguida para São Paulo, Juiz de Fora e Tripuí.
De acordo com Victor Purri Netto,
estabeleceu-se em Ouro Preto, de onde saiu para Belo Horizonte, tendo participado da
inauguração da cidade. Casou-se com Regina Cantarini, também italiana, com quem
teve dez filhos. Iniciou seus negócios em Belo Horizonte com uma serralheria.

A “Mechanica de Minas” foi a primeira indústria metalúrgica da época em
condições de completar um ciclo de fabricação de produtos metalúrgicos de uso
corrente. Esse ciclo começava na fundição de peças em “fonte” e ia até o produto final,
que era muito necessário no início da cidade, que precisava de caixas de ferro fundido,
usadas pelo departamento de águas da prefeitura para a construção das redes de água e
de esgotos. Foi uma das primeiras fábricas a utilizar energia elétrica que começava a ser
produzida por uma Companhia independente na cidade.
Por isso, tinha seu próprio
gerador de emergência com motor a querosene.
Em 1910, a Brazil Revista registrou os benefícios prestados pela
“Mechanica de Minas” para o funcionamento de outras indústrias da capital mineira:
“Os benefícios prestados pela Mechanica de Minas à estabilidade das outras indústrias
são incalculáveis. Basta dizer que, até a data da sua fundação, os industriais ficavam,
às vezes, com máquinas paradas por falta ou avaria de uma peça”.
“Fábrica de Carros e Carroças Domingos Chiari & Irmãos” – O italiano
Domingos Chiari chegou ao Brasil, mais precisamente em Minas Gerais, em 1896.

Trabalhou inicialmente na região mineradora da cidade de Mariana e na construção da
Estrada de Ferro Central do Brasil, no trecho de ligação entre o norte e o centro do
Estado. Ainda nesse mesmo ano veio para o Arraial do Curral del Rei, onde instalou
uma oficina para construção de carroças, então o principal meio de transporte. Em 1911,
transferiu-se definitivamente para a capital mineira.
Fundou, então, juntamente com os
irmãos Pedro Paulo, carpinteiro como ele, e Ângelo, ferreiro, a “Fábrica de Carros e
Carroças Domingos Chiari & Irmãos”, em terreno doado pela Prefeitura, na Rua Juiz de
Fora, no bairro do Barro Preto. Consta que as carroças e charretes feitas pela Domingos
Chiari & Irmãos destacavam-se pela qualidade. Dentre seus clientes estavam os maiores
empreendedores da Capital, a Prefeitura e o Governo do Estado.

Nos primeiros anos da nova Capital, registre-se também a Fábrica de Carros
e Carroças de Domingos Mucelli, a “Mucelli & Filhos”.
“Fundição Moderna” – Impossível falar em atividade industrial em Belo
Horizonte no início do século XX sem mencionar a família Magnavacca. Enéa José
Magnavacca chegou ao Brasil nos primeiros anos do século XX em busca de
oportunidades e figura entre os pioneiros que abriram caminho para os industriais que
vieram depois.
Desembarcou no Rio de Janeiro e depois de passar por Juiz de Fora, São
João del Rei e Sete Lagoas, se instalou em Belo Horizonte, onde fundou, em 1908, a
“Fundição Moderna”. A indústria tinha um alto-forno, fazendo ferro-gusa e fundição de
peças, além da indústria mecânica. Fazia moendas de cana, britadores, arados,
vagonetas, inclusive para a rede ferroviária e vagonetas para mineração.
A parte de
serralheria também foi muito importante.
Nos anos 1920, Enéa José se associou aos filhos, Hamleto e Arcangelo, e o
empreendimento passou a se chamar “Fundição Moderna – Magnavacca & Filhos”. As
empresas dos Magnavacca fizeram muitos trabalhos na cidade.
Até hoje ainda se vê nas
ruas da cidade peças para boca de lobo, tampas de esgoto, caixas de hidrômetros,
principalmente na Savassi e no bairro de Lourdes, com o nome da “Magnavacca &
Filhos”.
“Horácio Albertini Com. Ind.
Mec. Ltda, Hasa” – Os primeiros Albertinis
que vieram para o Brasil deram muitas voltas antes de se instalarem em Belo Horizonte.
Depois de rodar pelo interior de Minas acompanhando o pai, montando e instalando
equipamentos em fazendas, Horário, que chegou ao Brasil aos três anos de idade, veio
para a capital mineira, trabalhou com Victor Purri, e depois de algumas andanças
instalou sua empresa, nos anos 1930.

“A Única” – Uma das representantes da década de 1920 é “A Única”,
empresa fundada em 1928 por Américo Santiago Piacenza. Com a mulher e dois filhos,
Américo chegou a Belo Horizonte em 1897, mas dirigiu-se primeiro a Ouro Preto,
contratado que fora pelo então presidente do Estado, José Francisco Bias Fortes, para
trabalhar na construção de Belo Horizonte. De Ouro Preto seguiu para Belo Horizonte e,
antes de fundar “A Única”, trabalhou na “Magnavacca & Filhos”.

A presença italiana foi forte também no setor alimentício. Além da “Carlo
Fornacciari”, registre-se o “Estabelecimento Industrial Mineiro”, indústria de produtos
alimentícios e indústria de cerâmica fundada por Paulo Simoni em 1909, que iria
notabilizar-se pela solidez do empreendimento e qualidade dos produtos. Paulo Simoni
chegou ao Brasil em 1882, ainda criança, e se fixou inicialmente no Rio de Janeiro.
De
lá foi para Juiz de Fora (1892), onde iniciou suas atividades comerciais e industriais e,
depois de uma viagem a Europa, instalou-se na capital mineira (Fiemg). A “Massas
Alimentícias Martini”, fundada por Agostino Martini, data de 1914, e a “Massas
Alimentícias Isoni” foi fundada em 1922 por João Isoni. A indústria de massas
alimentícias “Domingos Costa Indústrias Alimentícias S/A” é de 1925 e a indústria
alimentícia “Frigorífico Perrella”, fundada por Pasquale Perrella e Anielo Anastasia, é
de 1930.

Dentre outros empreendimentos industriais dignos de nota fundados por
imigrantes italianos, mencionem-se a “Companhia Minas Fabril”, fundada em 1900 por
César Braccer; “Cerâmica Poni & Josué”, fundada por José Poni e Josué Pezzi em 1900;
“Perfumaria Marçola & Cia Ltda.”, Fundada por Victorio Marçola em 1917; “Fábrica de
Chapéus de Sol”, indústria de chapéus e guarda-chuvas, fundada por Antônio Ferretti
em 1915; “Fábrica de Tintas Sereia”, de 1922, primeira fábrica de tintas de Belo
Horizonte, fundada por Pedro Micussi, que chegou a Belo Horizonte em 1910, vindo de
Buenos Aires; a “Torquato Panicali & Filhos”, primeira indústria de pregos de Minas,
fundada na década de 1920 por Torquato Panicalli, que chegou ao Brasil em 1895, em
Juiz de Fora, onde atuou em marcenaria e no comércio antes de fixar-se na Capital; a
“Tipografia Velloso”, fundada por Silas Velloso no começo dos anos 1920; a “Fábrica
de Calçados Jade”, fundada por Miguel Terlizzi em 1931; a fábrica de móveis de
Francisco Gardini, fundada na década de 1920.
No comércio a presença italiana não foi menos importante. Muitos atuaram
como importadores, estabelecendo casas onde podiam ser encontrados artigos da
preferência dos patrícios, tais como vinho e gêneros italianos.
Outros, no ramo de
materiais de construção, como os Falcis e os Gaetanis. A “Casa Falci” data de 1908, e
deve-se notar que antes de desembarcarem no Brasil os Falcis se dedicavam a atividade
de caldeireiros na Itália e, antes de estabelecerem a casa comercial, andaram por Minas
exercendo essa atividade. Registre-se também a “Alfaiataria Callotti e Alessio”, a “Casa
Gagliardi”, especializada em roupas e calçados para homens, sem falar nos muitos
ambulantes que circulavam pela cidade vendendo produtos diversos 11
.

Legado dos pioneiros
O predomínio de imigrantes na fase inicial da industrialização brasileira tem
sido quase sempre explicado pelo fato de terem aqui chegado trazendo alguma
experiência em atividades dessa natureza. Um aspecto que emergiu das entrevistas
realizadas para o estudo do setor mecânico em Minas foi a cultura do trabalho que os
imigrantes italianos trouxeram em sua bagagem. Carlos Alberto Piacenza, atual
presidente de “A Única”, indústria do setor mecânico fundada por seu pai em 1928,
assinalou:
Quando meus pais vieram como imigrantes, já traziam uma cultura.

Não era uma cultura da forma que entendemos hoje, intelectual, era
uma cultura prática, eles sabiam fazer as coisas. Pegavam os meninos
e os ensinavam a trabalhar. Eles tinham a noção de realização pelo
trabalho.
Sob o ponto de vista intelectual, minha mãe era analfabeta.
Veio da Itália com dez anos e só assinava o nome. Mas tinha uma
habilidade manual fantástica em bordado, tricô, na área de culinária
também.
Eu ficava impressionado com aquilo e um dia perguntei:
‘Onde é que a senhora aprendeu tanta coisa assim?’ Ela me
respondeu: ‘Ah, lá na Itália, antes de aprendermos a ler e escrever,
nós aprendíamos a trabalhar’

Categoria Tradução e conteúdos
Subcategoria Redação de artigos
Quantas palavras? Entre 1000 e 5000 palavras
Isso é um projeto ou uma posição de trabalho? Um projeto
Disponibilidade requerida Conforme necessário

Prazo de Entrega: 07 de Julho de 2019

Habilidades necessárias